Terumá-terça

01/02/2014 22:18
 

 

 

O Tabernáculo como moradia Divina


Ao ouvir as palavras de D'us: "Que façam um Santuário para Mim, para que habite dentre eles", Moshê ficou surpreso.

"Como podes Tu, Cuja Glória preenche Céus e terra, habitar numa humilde moradia que erguemos para Ti?" - perguntou.

D'us respondeu: "Nem ao menos preciso do Tabernáculo inteiro como local de residência. De fato, confinarei Minha Shechiná à limitada área onde se localizará a arca."

D'us, em Seu grande amor pelo povo, restringiu Sua Shechiná ao Tabernáculo, próximo aos Seus filhos.

O Tabernáculo físico de madeira, contudo, era apenas um símbolo para a verdadeira habitação da Shechiná - o coração de cada pessoa.

Como é possível transformar o coração de alguém num Santuário para a Shechiná? Isto é alcançado devotando-se o coração à Toráh e à serviço de D'us.

A importância do Tabernáculo para o povo 

De fato, o Tabernáculo (e mais tarde o Templo Sagrado) beneficiava o povo  de três maneiras:

• Como resultado do serviço realizado da maneira como D'us prescreveu, o povo de Israel recebia proteção celestial contra quaisquer possível atacante.

• O Tabernáculo era fonte de inspiração espiritual. Cada pessoa compromissada com a Toráh, que freqüentasse o Tabernáculo e o Templo Sagrado, era estimulado a incrementar a observância de Toráh e mitsvot. O Santuário e o Templo eram permeados por uma atmosfera de temor a D'us, e observando os cohanim (sacerdotes) realizarem diligentemente o serviço, o povo era motivado a aprimorar sua espiritualidade.

• A nação inteira testemunhava constantemente milagres óbvios no Tabernáculo e no Templo Sagrado. Estes fenômenos sobrenaturais demonstravam-lhes o grande amor de D'us com Seu povo, que era como a relação de pai e filho.

D'us pede contribuições para a construção do Tabernáculo


    D'us instruiu Moshê: "Nomeia coletores de fundos para recolherem material para o Tabernáculo. Serão aceitas contribuições de qualquer pessoa compromissada com a Torah, cujo coração o impele a participar."

    Ao ouvir que o Tabernáculo deveria ser construído em meio ao deserto, Moshê perguntou-se se a comunidade possuía material suficiente para projeto de tal monta. Antes mesmo que pudesse articular a questão, D'us respondeu-lhe: "Não apenas o povo de Israel, coletivamente, possui o material necessário para construir um Tabernáculo," Ele informou a Moshê, "porém, de fato, cada pessoa poderia fazê-lo sozinho."

Onde o povo  obteve os materiais?

Quando saíram do Egito, os egípcios lhes deram ouro, prata e utensílios preciosos. Saíram do Egito com uma imensa fortuna. Logo, depois que os egípcios se afogaram no Mar Vermelho, os hebreu ficaram ainda mais ricos, pois juntaram os adornos e tesouros que os egípcios traziam consigo. O mar os arrastou até a praia para que o povo os recolhessem.

Os justos tinham pedras preciosas de mais uma fonte: todos os dias, quando caía a porção da maná, D'us fazia que, junto com a maná, caíssem pedras preciosas!

 

Os materiais necessários para a construção

 

D'us ordenou que quinze diferentes materiais fossem coletados para a construção do Tabernáculo e seus componentes. Cada material foi selecionado por D'us para conceder ao povo um mérito ou bênção especial, ao doá-lo.

• Ouro: D'us disse: "Que o ouro doado para o Tabernáculo expie o ouro erroneamente doado para o bezerro de ouro."

• Prata

• Cobre

Há três tipos de caridade (tsedacá), que podem ser comparados ao ouro, prata e ao cobre. A caridade que a pessoa dá quando ela e sua família são ricas e as coisas vão bem é comparada ao ouro. Este tipo de caridade tem o mais poderoso efeito no Céu, comparável a um presente a um imperador. Apesar de ser dada sem nenhuma razão em especial, protege o doador de futuras eventualidades. Ze Hanoten Bari (Aquele que dá quando tem saúde), formando Zahav (ouro, em hebraico). Há, então, um segundo tipo de caridade, a caridade que a pessoa dá quando adoece. É menos efetiva, uma vez que é dada num momento de necessidade; sendo, portanto, comparada à prata. Se a pessoa adia a doação de caridade até que esteja gravemente doente (e, metaforicamente, está com a corda no pescoço, prestes a ser executado), o valor de sua caridade é reduzido a cobre.

Não obstante, uma pessoa não deve abster-se de dar caridade, sob qualquer circunstância. Sua caridade a precederá (no Mundo Vindouro), e lhe garantirá boa reputação.


Materias utilizados para construção


• Lã tingida de azul-turquesa com o sangue de uma criatura marítima chamada chilazon



• Lã tingida de púrpura

• Lã tingida de vermelho púrpura

• Fino linho branco

• Lanugem de cabras

• Peles de carneiro tingidas de vermelho

• Peles de Tachash multicoloridas



Que animal era o Tachash? Era um unicórnio com pele multicolorida. Existiu apenas naquela época, para que o povo  pudesse utilizar sua pele para fazer as tapeçarias do Tabernáculo. Depois disso, se tornou extinto.

 



• Madeira de cedro de shitim (acácia)

Por que D'us prefere a acácia a todos os outros cedros?


    O cedro de shitim foi escolhido por D'us porque não dá frutos. D'us queria dar exemplo a alguém que constrói uma casa. A pessoa deveria desta forma raciocinar: "Se até o Rei dos Reis construiu Seu palácio da madeira de uma árvore estéril, nós certamente não podemos utilizar a madeira de uma árvore frutífera para este propósito!"

    Quando Yaacov chegou ao Egito, plantou as árvores de shitim, pois sabia, graças a sua profecia, que os hebrreus os necessitariam mais adiante para construir o Tabernáculo. Yaacov ordenou a seus filhos: "Quando saírem do Egito, levem junto a madeira de shitim que plantei."

    A viga mais comprida do Tabernáculo media cerca de 15 metros. Esta viga foi feita da madeira da árvore que Avraham nosso patriarca havia plantado em Beer Shêva! A famosa árvore, debaixo da qual servia seus hóspedes.

    Quando os hebreus cruzaram o Mar Vermelho, os anjos cortaram essa árvore e a levaram até o mar. Deixaram-na cair diante dos hebreus exclamaram: "Esta é a árvore que Avraham plantou em Beer Shêva! É debaixo dela que ele costumava orar a D'us!"

Quando o povo  ouviu isso, levantaram a árvore e a levaram consigo. Utilizaram-na como viga central do Tabernáculo.

• Azeite de oliva (para acender a menorá)

• Especiarias para o azeite de unção e o incenso

• Duas pedras de ônix e doze tipos de pedras preciosas para o efod e o peitoral (partes da vestimentas do sumo-sacerdote)

D'us mostra a Moshê a planta do Tabernáculo

Quando Moshê subiu ao céu, D'us mostrou-lhe o desenho exato que devia seguir para construir o Tabernáculo.

 

Este teria três seções:

1 - O Santo dos Santos: Era a seção mais santa do Tabernáculo que continha a arca com as Tábuas da Lei.

Na entrada do Santo dos Santos pendia um cortinado chamado parôchet. Este cortinado dividia o Santo dos Santos da segunda seção, o côdesh.

Somente o sumo-sacerdote tinha permissão Divina de entrar no Santo dos Santos, e somente um dia por ano: no Yom Kipur.

2 - A segunda parte do Tabernáculo era menos sagrada que o Santo dos Santos. Chamava-se côdesh. Ali ficavam a mesa, a menorá, e o altar de incenso.

As duas seções juntas eram denominadas "Ôhel Moed".

3 - A terceira parte era o pátio. Era menos sagrado que o côdesh. Ali Moshê colocou o grande altar de cobre sobre o qual eram oferecidos todos os sacrifícios de animais.

D'us também explicou a Moshê exatamente como construir cada um dos objetos do Tabernáculo. Começou por explicar-lhe sobre a arca, pois era o recipiente mais sagrado do Tabernáculo

 

Que aspecto tinha a arca

    De todos os utensílios do Tabernáculo, D'us ordenou que a arca fosse construída primeiro. Instruiu que sua construção precede até mesmo a próprio Tabernáculo.

    A arca constava de três caixas abertas na parte superior; uma encaixava dentro da outra. A caixa menor era de ouro puro, e encaixava dentro de uma de madeira. A caixa de madeira encaixava dentro de uma caixa maior, que era feita de ouro. Desta maneira, a arca de madeira, era folheada a ouro por dentro e por fora, exatamente como D'us ordenara.

    A caixa de ouro externa tinha um belo rebordo de ouro, semelhante a uma coroa. A arca onde as tábuas foram guardadas simbolizava a Toráh, e os ornamentos representavam a Coroa do estudo da Toráh

O que a arca simbolizava

D'us conferiu ao povo compromissado com a Torah três "coroas" (posições de grandeza):

• A coroa da Toráh, que era representada pela arca.

• A coroa do sacerdócio, que era representada pelo altar.

• A coroa da monarquia, que era representada pela mesa.


    A coroa do estudo da Toráh sobrepõe-se aos dois ofícios. Somente uma pessoas nascido numa família real ou sacerdotal é elegível para posições de monarquia ou sacerdotal. A oportunidade de se tornar um grande sábio de Toráh, contudo, é acessível a qualquer um.

A arca também representava o estudioso de Torá.

As arcas interiores e exteriores eram de ouro, para indicar que os sentimentos íntimos de um estudioso de Toráh devem coadunar-se com sua conduta externa. Pobre do estudante de Torá que porta a Toráh em seus lábios, enquanto seu coração é desprovido de temor a D'us!

A santidade da arca e seus milagres

D'us fez muitos milagres em relação a arca. Aqui estão alguns:

• A arca com suas varas deveria ter realmente ocupado toda a área do Santo dos Santos, de parede a parede. Mas, quando o sumo-sacerdote ali entrava, havia espaço suficiente para que pudesse caminhar ao redor de toda a arca. A arca em si, milagrosamente, não ocupava nenhum espaço.

• Quando os levitas carregavam a arca não sentiam o menor peso sobre os ombros. Não apenas isso, mas a arca até os levantava e os transportava!

• D'us ordenou a Moshê que construísse uma segunda arca que sempre viajava adiante do povo de Israel durante os quarenta anos no deserto. Esta arca desprendia faíscas de fogo que matavam todas as serpentes venenosas e os escorpiões que apareciam no caminho.

As barras da arca

De ambos os lados da arca havia duas varas de madeira revestidas de ouro, que passavam por arcos e que possibilitavam o transporte da arca de um lugar a outro.

D'us deu uma ordem especial: as barras deveriam permanecer nos anéis o tempo todo. Não podiam ser removidos nunca, nem mesmo quando o povo  acampava. A eterna presença das hastes na arca simboliza o conceito de que a Toráh não está vinculada à lugar algum. Onde quer que os  fossem, voluntariamente ou não, sua Toráh também iria com eles, pois o meio de seu transporte está sempre atado à esta.

A cobertura da arca

A arca tinha uma coberta de ouro, chamada capôret. Era feita do mesmo bloco de ouro de que eram feitos os dois anjos, os keruvim.

Por que esta cobertura se chama capôret? Capôret deriva da palavra capará, expiação, indicando que este ouro expia pela transgressão do povo  de ter doado ouro para a construção do bezerro.

Os Keruvim - Os anjos de ouro

D'us ordenou a Moshê que pegasse uma grande pepita de ouro, e esculpisse tanto a cobertura da arca quanto os keruvim, anjos, que ficam sobre essa.

Os keruvim não eram esculpidos como elementos separados e então soldados a cobertura; mas emergiam da própria cobertura. Encaravam-se mutuamente, estendendo as asas sobre a arca.

Apesar de, maneira geral, ser proibido fazer estátuas, os keruvim eram exceção, uma vez que foram construídos sob uma ordem especial de D'us.

D'us anunciou a Moshê: "Minha Shechiná residirá entre os keruvim. Sempre que falar com você Minha voz emanará de lá."

Os keruvim nos dão uma lição sobre a proteção de D'us. A arca representa o estudo de Toráh. D'us colocou anjos sobre a arca para demonstrar-nos que Seus anjos protegem aqueles que estudam a Toráh.

As faces dos keruvim pareciam-se com a de duas crianças. Quando o povo  visitava o Templo Sagrado nas Festividades, a cortina divisória que cobria o Santo dos Santos ficava aberta. Podiam então ver os keruvim que se encontravam abraçados.

Dizia-se aos visitantes: "Vejam quão amados vocês são para o Todo-Poderoso!" Porém quando o povo de Israel não cumpria a vontade de D'us, as faces dos keruvim ficavam de costas uma para a outra.

O milagre dos keruvim que abraçavam-se mutuamente em sinal de aprovação Celestial, e viravam a face quando D'us ficava desgostoso com o povo , provava ao povo a Providência Especial de D'us sobre eles. Esta visão, portanto, inspirava-os à teshuvá (arrependimento).

No momento da destruição do Templo Sagrado, quando os povos invadiram o Templo, encontraram, surpreendentemente, os keruvim abraçados um ao outro.

D'us estava, desta forma, demonstrando aos judeus que até a destruição foi motivada por Seu profundo amor por eles. Em Sua misericórdia, derramou Sua ira sobre paus e pedras, poupando assim o próprio povo da aniquilação.

Cada medida do Tabernáculo é importante

A Torá não somente descreve o Tabernáculo e seus objetos, mas também menciona o comprimento e largura de cada objeto.

A Torá enumera todas as medidas para nos ensinar que, já que todas as partes e objetos do Tabernáculo eram construídas exatamente segundo as medidas estipuladas por D'us, tinham uma santidade especial.

As medidas nos ensinam também várias lições importantes, por exemplo:

Todas as medidas da arca continham amot médias: o comprimento era de 2 1/2 amot, sua largura 1 1/2 amá, e a altura tinha 1 1/2 amá. Não tinha uma só medida de amot completa, enquanto que todos os demais objetos do Tabernáculo mediam amot completos.

A arca representa o estudioso de Torá. Um verdadeiro sábio nunca se orgulha de seus feitos, pois se sente incompleto; sabe que quanto mais estuda, tanto mais tem que estudar. Portanto, independentemente de quanta Torá tenha aprendido, é humilde. Para nos ensinar como deve comportar-se um erudito de Torá, D'us nos deu meias medidas para a arca, em sinal de que, mesmo depois de ter estudado muita Torá, estamos longe de conhecer a totalidade da Torá.